09 dezembro 2013

Palavras que eu não pude dizer...


Em um livro, em uma caixa, em um armário, em um olhar.
Em um verso de uma canção que ouvi uma vez.
Em um momento na varanda no final de junho, na respiração de um sussurro sob a lua.
Lá estava, na ponta dos meus dedos, tão próximo da minha boca, fixados num olhar.
Lá estava você. E eu nunca tinha estado tão longe.
Lá estava todo o mundo envolto em meus braços.
E eu deixei tudo escapar...
O que eu faço agora que você foi embora?
Nenhum plano reserva, nenhuma segunda chance.
E mais ninguém para culpar.
Tudo o que eu posso ouvir no silêncio que permanece são as palavras que eu não pude dizer.
Há uma chuva que nunca para de cair e um muro que eu tentei derrubar.
O que eu deveria ter dito, simplesmente não passou dos meus lábios.
Então eu segurei e agora nós nos tornamos isso.
E agora é tarde demais. Não tem como voltar...
O que eu faço agora que você foi embora?
Tudo o que eu posso ouvir no silêncio que permanece são as palavras que eu não pude dizer.
Eu deveria ter encontrado uma maneira de lhe contar como me sentia, de falar sobre meus anseios, sobre meus medos, sobre tudo o que envolvia você, tudo o que poderia nos envolver.
Agora a única para quem estou contando sou eu mesma. Ninguém pra me ouvir, ninguém pra me ajudar.
E eu não sei o que eu faço agora que você foi embora.
Não sei como prosseguir, como agir diante das circunstancias que virão, e eu não tenho nada planejado que não seja com você.
Eu queria ouvir seus passos, sua voz, sentir o seu cheiro.
Mas tudo o que eu posso ouvir no silêncio que permanece são as palavras que eu não pude dizer.

- Mary Ayala


*Na tag “Sentimentos Alheios” divulgamos textos de autores brasileiros. Escreve? Deixe seu link nos comentários. Quem sabe seu trabalho não aparece aqui no Morfina Agridoce?

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